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O SUPER-HERÓI DA AMÉRICA LATINA


Num mundo onde os heróis são imbatíveis, corajosos e exuberantemente fortes, fica difícil admirar um simples personagem carismático da TV Mexicana. 


Uma vez Roberto Bolaños disse: “O heroísmo não consiste em não ter medo, mas sim em superá-lo.”. Creio que ele tenha ficado bastante contente por ter materializado esse seu pensamento no Chapolin Colorado, já que nunca se viu um herói tão medroso quanto esse, mas que, apesar disso, em todas as situações que é chamado, tem a tarefa de enfrentar aquilo que mais lhe causa temor.

Gosto de pensar no Chapolin como uma representação do nosso lado corajoso, aquele lado que, mesmo temendo os horrores da vida, se levanta, em certas situações, disposto a combater nossos maiores medos, mostrando que, apesar de humanos, somos narradores da nossa própria história, e assim como um escritor supera seu medo e hesitação de revelar, ao mundo, suas palavras, também temos que superar nosso medo e hesitação de revelar, ao mundo, nossas fraquezas.

Para se tornar herói não é preciso ser imbatível ou, talvez, corajoso. Para ser herói, basta ter medos e a vontade de superá-los. Herói não é aquele que não tem medo de altura, por isso salva pessoas de cima de prédios; herói é aquele que pode até temer um pouco estar tão longe do chão, mas, mesmo assim, ao ver alguém em perigo, enfrenta seus demônios.

É vendido para nós um esteriótipo que não condiz com nossa vida cotidiana e que, por isso, as vezes, nos sentimos pressionados a ser algo que não somos e, tampouco, queremos ser.

Não ter medo não é sinônimo de coragem. A coragem nasce dos nossos mais profundos temores.

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